sábado, 20 de abril de 2013

Sutileza.

Ver o amanhecer, coisa rara.
Conseguir perceber as nuances de luz, os reflexos dos raios do sol nas nuvens úmidas, o brilho no vidro e no concreto.
Isso é pra poucos.
Quem consegue ter tempo ou disposição pra parar, nem que seja por cinco minutos, e apreciar esse presente que a vida nos dá?
A sensibilidade de quem consegue captar poesia onde outros só enxergam cimento e rotina, pressa e opressão.
Invejo a sutileza, a suavidade.
Eu vejo o mundo bruto, o movimento das pessoas e das coisas, e passo por isso tudo exatamente como os outros.
Aos poucos, estou aprendendo a ver as nuances no céu no fim do dia.
Devagar, estou aprendendo a encontrar ângulos inusitados nos cruzamentos das cidades.
A surpresa de encontrar uma navezinha de Space Invaders nas paredes de São Paulo.
A beleza da Estação da Luz, idílicamente iluminada...
Invejo aquele que não foi contaminando pelo cinza.
Invejo a pura expressão de amor em imagem simples, exatamente aquela que dá um trabalho danado de conseguir, ou aquela que se revela espontaneamente.
Cada imagem revela um pedaço da alma de quem fotografou e, por mais que os céticos chatos insistam, vou bater o pé nisso até o fim.
Cada imagem captada é aquilo que o fotógrafo enxerga.
Claro que nem tudo é flor e amor e alvoradas.
Há sangue e suor aí.
Muito trabalho e dedicação, horas e horas e horas.
Isso eu consigo entender, pois sei que alimentar o selvagem faminto da satisfação interior é imprescindível.
Vejo concreto e luz, flores e pessoas, mas sei que a imagem fala por si, e que sempre há mais. 
Muito mais.

"Tudo o que você pode fazer, é decidir o que fazer com o tempo que foi dado a você." 

Fotos do fotógrafo Roberto Sungi.




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